Selo Crea: Canteiros Coletivos e o resgate do verde em Salvador
Movimento propõe intervenções na capital Baiana para trazer arte, plantio e educação25 de novembro de 2024, às 12h01 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

Muitas vezes, grandes iniciativas nascem de forma despretensiosa. Qualquer um de nós pode ser um agente transformador, por isso quando pessoas que expressam o desejo de fazer a diferença se unem, o resultado pode ser a saída efetiva de projetos do papel. Duas mãos conseguem realizar muito mais do que uma só. Foi assim com o Movimento e grupo multidisciplinar Canteiros Coletivos. A partir de interações nas redes sociais, ativistas, biólogos, artistas, e diversas pessoas vindas de diferentes áreas se encontraram dentro de uma queixa comum: a falta de áreas verdes e a falta de vida em coletividade no espaço público da cidade de Salvador, em especial nas periferias. Com o clima de revolta no ar, lá em 2012 o Canteiros Coletivos surge com sede de mudança, muito por influência dos movimentos sociais e da eclosão das redes sociais como forte ferramenta de mobilização para intervenções urbanas.

A cabeça à frente da iniciativa é a de Débora Didonê, jornalista, ecoativista, permacultura e jardineira. Débora foi a idealizadora do projeto, que junto a um grupo diverso de pessoas interessadas em fazer o Canteiros acontecer, tomavam o espaço público e se colocavam através da arte, do plantio e da ativação daquele espaço. Com o passar das intervenções, o grupo deu início a captação de recursos com o objetivo de ampliar suas ações e transformá-las também em projetos de educação ambiental. Em conversa com Débora, ela nos conta que esses projetos iam desde ações em bairro, junto com a comunidade, até ações de incidência política, como luta por políticas públicas, e abertura de diálogo com órgãos públicos.
Para Débora, a mobilização da sociedade é o primeiro passo para alcançar mudanças concretas. É necessário que a população demonstre suas queixas e insatisfações e se unam com articulações que transformem sua revolta em um caminho para soluções: “A gente precisa rever esse modelo de cidade, a gente precisa entender quais são as organizações socioambientais atuantes nessas cidades, o que elas estão propondo para esses espaços e como unir forças entre as ações da sociedade civil organizada e as políticas públicas para que a cidade ganhe um novo corpo”.

Seguindo o manifesto da ativista e idealizadora dos Canteiros: “Toda cidadã, todo cidadão, é um pensador e planejador da cidade. A gente não pode pensar a cidade a partir da perspectiva de quem está num espaço de gestão. Quem está num espaço de gestão representa uma população que pensa a cidade. Então, um dos grandes desafios das cidades hoje é conseguir fazer a gestão participativa, trazer as pessoas para pensar junto, entendendo que cada território tem suas necessidades e suas demandas, e que quem mais sabe falar sobre essas necessidades e demandas é quem vive esse território”.
A partir dessa lógica de trazer a população para pensar sua cidade, hoje o Canteiros Coletivos foca em realizar ações das escolas públicas de Salvador, localizadas em áreas periféricas e altamente urbanizadas, onde falta o espaço verde. Nesse sentido, os principais projetos são os Jardins de Chuva Pedagógicos e o Escola Verde, com a proposta de eliminação do descarte de lixo no entorno das escolas públicas de Salvador e prepará-las para transformarem esses depósitos irregulares de resíduos no seu entorno em jardins coletivos. Segundo Débora, no atual momento, os terrenos das escolas públicas com potencial para implementação de jardins de chuva já estão mapeados, basta captar recursos e buscar apoios para ampliar a implementação dessa iniciativa de solução baseada na natureza.

Pois é, e foi com uma simples comunidade crítica de pessoas nas redes sociais trocando ideias sobre os problemas de sua cidade que nasceu esse projeto revolucionário que é o Canteiros Coletivos. Quanto mais pessoas engajarem e se mobilizarem com a causa, mais conquistaremos o verde que tanto desejamos ver e respirar em nossas cidades. Hoje, o movimento ainda luta por espaço e reconhecimento para ampliar suas ações. Então, fique de olho e também participe dessa luta! Acompanhe o Canteiros Coletivos nas redes sociais para ficar por dentro do trabalho que está sendo realizado e entender como você pode ajudar: @canteiroscoletivos
Maria Clara Carvalho – Comunicação Crea-BA